6 de setembro de 2013
Essa tarde estiveram comigo minhas amigas de infância. Amigos também! Ouvi o ruído da janela se abrindo e o grito da minha mãe me chamando pra ir pra cama. Cantei cirandas, brinquei de Rouba Bandeira. Fiz papinha para minhas bonecas, dei banho, penteei seus cabelos e costurei roupinhas para elas.
Desmontei brinquedos e me desorientei ao colocar as peças de volta. Perdi e reencontrei brinquedos. Limpei a casa, organizei os pratos sobre a mesa, cozinhei junto sementes, folhas, areia e água. Pulei corda, construí garagens para os carrinhos, puxei o caminhão cheio de pedras. Caí, me machuquei, chorei e não fui lavar para não perder a brincadeira. Tive dúvidas com o que brincar, desejei o brinquedo da prima. Fiquei tonta! Cantei músicas de ninar, colecionei bolas coloridas, fiz bola de pano e joguei-a para bem alto. Andei à procura de um pião. Joguei Três Marias. Pintei casinhas e vesti bonecas de papel. Montei barracas com lençois. Dividi uma bala em pedacinhos e distribuí nos mini pratos de cores alegres. Servi chazinho! Fiz avião e barco de papel, coloquei na água corrente, encorajei a filha a ir buscá-lo. Puxei o carrinho pela rua repetidas vezes. Fui filha, irmã, colega de brincadeira, mãe e professora.
Foi dessa maneira que me aproximei da exposição Mais de Mil Brinquedos para a Criança Brasileira, uma reedição daquela que foi idealizada por Lina Bo Bardi, há 30 anos atrás, para a abertura do SESC Pompeia. Ela não só me levou de volta à infância, como me fez resgatar o quanto podemos ser lúdicos e criativos. Os 6.000 brinquedos expostos numa grande fábrica, funcionando a todo vapor, encantam pela diversidade na produção e pela capacidade de nos fazer refletir sobre como temos vivido nossas vidas.
Imperdível!
*Maria da Penha Brant trabalhou como professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Foi formadora de professores em artes e atualmente, estuda Mediação Cultural.